Manifesto do CEPAPA.
O presente manifesto vem a denunciar consequências causado pelo modelo hegemônico econômico, politíco e cultural, que traz consigo uma série de violações dos direitos pleno do homem.
O fato acontecido no último dia 27 de outubro de 2010, no assentamento Banco do Pedro em Ilhéus - Bahia, onde o terreiro de Candomblé existente no local foi invadido e as pessoas que ali estavam, foram vítimas do abuso de poder que o sistema impõe expresso e impresso na farda de maus policiais militares, que camuflado no privilégio que o sistema político dá, fazendo-os pensar que tem o poder /autoridade de desrespeitar um coletivo humano que manifesta sua religião, tratando como inferiores e demonizados, fazendo chacotas racistas contra as culturas de matriz africana.
Quando acontece situações desse tipo nos perguntamos: Será que essas pessoas afrodescendentes que vivem pacificamente entre si e buscam seu sustento através do cultivo da terra que mantêm sua cultura viva merece esse tratamento?
Os fatos: Ao ser questionado pela coordenadora do assentamento e sacerdotisa (filha de Oxossi) Bernadete Souza, sobre a ilegalidade da presença do pelotão da polícia na área do assentamento, por ser este uma jurisdição do INCRA - Instituto Nacional e Colonização de Reforma Agrária e, portanto a polícia sem justificativa e sem mandato judicial não poderia estar ali. Menos ainda, enquadrando homens, mulheres e crianças, sob mira de metralhadoras, pistolas e fuzil, o que se constitui numa grave violação de direitos humanos. Diante deste questionamento, o comandante alegando desacato a autoridade, autorizou que Bernadete fosse algemada para ser conduzida à delegacia. Neste momento o orixá Oxossi incorporou a sacerdotisa que algemada foi colocada e mantida pelos PMs Júlio Guedes e seu colega identificado como Jesus, num formigueiro onde foi atacada por milhares de formigas provocando graves lesões, enquanto os PMs gritavam que as formigas eram para afastar satanás. Quando os membros da comunidade tentaram se aproximar para socorrê-la um dos policiais apontou a pistola para cabeça da sacerdotisa, ameaçado que se alguém da comunidade se aproximasse ele atirava. Spray de pimenta foi atirado contra os trabalhadores. O desespero tomou conta da comunidade, crianças choravam, idosos passavam mal. Enquanto Bernadete (Oxossi) algemada, era arrastada pelos cabelos por quase 500 metros e em seguida jogada na viatura, os policiais numa clara demonstração de racismo e intolerância religiosa, gritavam: fora satanás! Na delegacia da Polícia Civil para onde foi conduzida, Bernadete ainda incorporada bastante machucada foi colocada algemada em uma cela onde havia homens, enquanto policias riam e ironizavam que tinham chicote para afastar satanás, e que os Sem Terras fossem se queixar ao Governador e ao Presidente.
Em pleno século XXI, vivemos tipo de sociedade que se auto-intitula como evoluídos e pós-moderna, acontece fatos que relembra o periódo colonial na escravidão do século XVII, quando os africanos escravizados eram perseguidos e colocado no tronco, ao manifestar sua cultura (língua, religião, aparência, etc.) ou querer autonomia no cultivo da terra.
Inadmissível deixar passar despercebido acontecimentos como esse no terrreiro do Banco do Pedro. Sabemos que a repressão policial relembra tempos desagradáveis de nossa historia, que evita a liberdade.
A publicação dessas notícias não é levada ao conhecimento da população, fazendo com que a maioria das pessoas não conheça tais fatos, implicando que pense que não acontece esse tipo de ações nos dias de hoje. sabemos que a mídia exerce um poder de controle social.
O fato das culturas de matriz africana não ter espaços nos veiculos de comunicação e ser representada de maneira distorcida e inferiorizada na mídia, faz pensar que o Afrodescendente só pode ser aceito se adequando ao modelo/padrão imposto pela industria cultural e suas mídias. As praticas religiosas são caracteristicas particulares a cada povo, então como não considerar racismo a atitude desses maus policiais no terreiro de Candomblé???
E como se já não bastasse temos a intolerância religiosa já ganhando legitimidade no estado de São Paulo, quando a lei de sacríficio de animais em rituais religiosos esta proibido. Que absurdo. Essa ação é de ignorância imensurável, pois pela falta de entendimento das culturas de matriz africanas, sem saber o que é oferenda, sem saber o que é agradecer as Entidades superiores que nos protege. Sem saber essas informações é que acontece as ações de intolerância.
A falta de conhecimento em seres humanos ditos como modernos, faz com que práticas religiosas seja prejudicada. Eles querem defender os animais sacrificados (galinhas, pombos, bode...), mas não se preocupam em parar de poluir o ar, a água e o solo.
Querem defender a ideia de que sacrificar tais animais é um desperdício alimentar, mas é a favor da idéia de manter estocado nos supermercados até a data de válidade ser vencida, enquanto milhões de pessoas morrem de fome e sofrem com a insegurança alimentar.
Essa é uma das facetas mostrada mais uma vez pelo sistema de dominação eurocêntrico globalizado, que transmite idéias e pensamentos hegemônico que deve invadir a cabeça das pessoas recolonizando-as como era feito no século retrasado, mas agora é de maneira mais sutil e eficaz, fazendo a lavagem cerebral através de aparelhos de mídia e personagens preparados para transformar em leis pensamentos eurocêntrico embranquecido que desqualifica e extermina as expressões culturais de outras etnias, principalmente as etnias africanas.
Hoje em dia é praticamente uma luta existencial assumir nossa ancestralidade africana, pois seremos subjulgado em nossas pratícas religiosas, se manifestarmos o culto aos Orixas (Entes das manifestações naturais e representa os elementos que compõe a natureza do homem e a natureza externa a ele), seremos chamados de feiticeiros , bruxos, etc... Cenas que relembra a inquisição, mais ao invés de para a fogueira, vamos para a cadeia.
Se manifestarmos nosso culto a Criação e ao Criador do homem originado em África e presarmos pela prática original humana de total interação com a natureza, utilizando ervas e mantendo a originalidade, como diz as escrituras do velho testamento em Levitíco 21-5, ao qual diz ao povo de Deus: "Não rastar a cabeça e nem raspar a barba." Fazendo-nos RasTafarI's que louva o Criador e interagimos espiritualmente com a natureza. Mas nessa sociedade mediócre eurocêntrica somos tidos como vagabundos e sujos por sermos e termos Rasta e usarmos nossa erva sagrada.
Enfim o preconceito e a discriminação esta presente em nossa sociedade explicitamente e devemos combater essas idéias. E nossa principal arma é assumir nossa ancestralidade africana, pois eles tem medo de nosso poder mental e a proteção do Altissímo. JAH ALLMIGHTY.